Letramento e Alfabetização

Muitos alunos concurseiros perguntam se letramento e alfabetização cai muito nas prova. Aqui vai a resposta: Não cai, despenca! Então preste baste atenção nas próximas linhas, elas podem fazer a diferença na sua classificação.


Com o decorrer dos anos muitas mudanças surgiram, a tecnologia avançou e os alunos também passaram a ter informações com mais agilidade.


Assim na sociedade atual, as crianças chegam à escola com conhecimentos  diversificados em relação à cultura letrada. Não podemos fechar os olhos para tal situação, logo precisamos nos adaptar. Por isso a necessidade de rever a alfabetização.


Para entendermos melhor esse contexto é preciso entender um pouco da história, vamos lá!


História sobre letramento e alfabetização


Em 1990, na Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990), a alfabetização passa a ser “entendida como instrumento eficaz para a aprendizagem, para o acesso e para a elaboração da informação, para criação de novos conhecimentos e para a participação na própria cultura e na cultura mundial nascente” (Conferência Mundial de Educação para todos. Jomtien, Tailândia, 1990)


“O termo letramento surgiu, em nosso meio, na segunda metade dos anos 1980, no período em que se questionava duramente o chamado modelo tradicional de alfabetização e avançava-se na direção da compreensão da escrita como um sistema simbólico”. (Leite, 2014,p.24)


Na década de 80, surge no Brasil o conceito de origem do termo “literacy” o letramento, que diz respeito à leitura, compreensão e utilização da escrita em diversas situações. (Leite, 2014)


O que é alfabetização?


Para Paulo Freire “a alfabetização não é um jogo de palavras; é a consciência reflexiva da cultura, a reconstrução crítica do mundo humano, a abertura de novos caminhos (…) A alfabetização, portanto, é toda a pedagogia: aprender a ler é aprender a dizer a sua palavra” (2011, p. 10).


Alfabetização é o processo de aprendizagem em que o aluno entende o que é a leitura e a escrita. Logo compreende-se que o discente decodifica e compreende os dados recebidos, interpretando-os e utilizando os mesmos de uma forma construtiva. Segundo Kramer (1986, p.17), a alfabetização “vai além do saber ler e escrever inclui o objetivo de favorecer o desenvolvimento da compreensão e expressão da linguagem”.


O que é letramento?


Para Tfouni (1988), enquanto a alfabetização diz respeito às habilidades individuais para a leitura e a escrita, o letramento envolve a dimensão social, pois focaliza aspectos sociais e históricos da aquisição da escrita.


Soares (1998, p.39) define o letramento como “resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita. Ou toda condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais”.


O letramento vai além da escrita e leitura, pois o aluno compreende e exerce as práticas sociais da escrita. No letramento ele percebe o sentido amplo da alfabetização, pois além de dominar o código oral e escrito reconhece as características e usos dos textos.


Sobre esse assunto, Freire (1991) afirma: “Não basta saber ler ‘Eva viu a uva’. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”. Dessa forma, Freire chama a nossa atenção para o fato de que não basta simplesmente dominar a escrita como um instrumento tecnológico. É preciso considerar as possíveis consequências políticas da inserção do aprendiz no mundo da escrita. Essa inserção favoreceria uma leitura crítica das relações sociais e econômicas (re)produzidas em nossa sociedade. (CASTANHEIRA, MARCIEL, MARTINS, 2018, p.10)


Qual o papel do professor no processo de alfabetização e letramento?


“O modo como o professor conduz o seu trabalho é crucial para que a criança construa o conhecimento sobre o objeto escrito e adquira certas habilidades que lhe permitirão o uso efetivo do ler e do escrever em diferentes situações sociais. Conduzir o trabalho de alfabetização na perspectiva do letramento, mais do que uma decisão individual, é uma opção política, uma vez que estamos inseridos num contexto social e cultural em que aprender a ler e escrever é mais do que o simples domínio de uma tecnologia.” (CASTANHEIRA, MARCIEL, MARTINS, 2018, p.23)


O professor é o mediador do conhecimento, respeitando a bagagem que o aluno traz consigo, principalmente em um mundo globalizado onde as informações correm a todo vapor. Assim sendo o educador deve adotar uma prática que favoreça ao educando a apropriação das habilidades e competências necessárias para que estimule-se o letramento, criando assim futuros cidadãos ativos na sociedade em que estão inseridos e não cidadãos passivos.


Alfabetizar a criança letrando ao mesmo tempo pode confundir a criança?


Na verdade alfabetizar a criança letrando ao mesmo tempo dá mais sentido ao aprendizado do discente. É possível letrar o aluno antes mesmo de alfabetizá-lo, se isso ocorrer a criança terá menos dificuldade no processo de alfabetização.


“Mesmo que a criança já valorize a escrita, a contextualização do novo conhecimento – os sistemas alfabético e ortográfico da língua – torna a aprendizagem muito mais fácil. Uma palavra torna-se vívida, real, concreta durante a leitura.” (KLEIMEN,2001, p. 36)


Logo entende-se que a criança pode ser letrada e não alfabetizada?


Se essa criança foi exposta a um ambiente de letramento, estimulada, antes da alfabetização, sim esse educando pode estar letrado, mas não alfabetizado (pois ainda não sabe ler e nem escrever).


Nesse mesmo sentido, Soares (2004, p.24) afirma que: (…) a criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, ouve histórias que lhe são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança é ainda “analfabeta”, porque não aprendeu a ler e a escrever, mas já penetrou no mundo do letramento, já é de certa forma, letrada.


Como auxiliar no letramento de uma criança?


Esse trabalho pode ser iniciado pelos pais desde a infância. Hoje há vários materiais para as diferentes faixas etárias que favorecem e estimulam o letramento. Como livros de plástico (normalmente usado para bebês, inclusive na hora do banho), livros de tecido  para crianças um pouco maiores (podem manipular sem rasgar), histórias em quadrinhos, livros infanto-juvenis na pré-adolescência… Com o tempo a própria pessoa buscará por clássicos da literatura e outros meios de leitura adequados a cada gosto.


Quando um adulto lê para uma criança, ou quando uma criança vê com frequência seus pais lerem, entre outros é um estimulo para incentivar o letramento.


Na escola pode desenvolver-se vários meios para que a criança tenha acesso a leitura hoje é muito comum na Educação infantil o educador criar uma rotina de leitura numa rodinha diariamente, isso é um grande estímulo, jogos que incluam letras, números, formas, acesso a diferentes tipos de pacas, visualização e manipulação de rótulos, encartes de propagandas, entre outros meios…  “A oralidade, a escrita e a imagem visual têm papel importante nesse processo e integram o que se entende por letramento”.


Segundo o Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental:


“Leitura e escrita são práticas complementares, fortemente relacionadas, que se modificam mutuamente no processo de letramento — a escrita transforma a fala (a constituição da “fala letrada”) e a fala influencia a escrita (o aparecimento de “traços da oralidade” nos textos escritos). São práticas que permitem ao aluno construir seu conhecimento sobre os diferentes gêneros, sobre os procedimentos mais adequados para lê-los e escrevê-los e sobre as circunstâncias de uso da escrita.” (PCN,1997,p.35)


Referências:

  • CASTANHEIRA, Maria Lúcia. MARCIEL, Franscisca Izabel Pereira. MARTINS, Raquel Márcia Fontes. Alfabetização e letramento na sala de aula. Ceale. UFMG. 2018.
  • CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS. Original em inglês. Declaração mundial sobre educação para todos e Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien, Tailândia: mar.1990.
  • FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 50. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
  • KLEIMAN, Ângela B. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. 3. ed. Campinas: Mercado de Letras, 2001.
  • KRAMER, Sonia. Alfabetização: “Dilemas da Prática”. In: KRAMER, Sonia et al (org). Rio de Janeiro: Ltda., 1986.
  • LEITE, Sérgio Antônio da Silva (Org.). Afetividade e letramento na educação de jovens e adultos-EJA. Cortez.SP.2014
  • Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília.1997
  • SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Ceale/Autêntica,1998, 2004, 2006.
  • TFOUNI,L.V. Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes,1988.
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Sara Moreira

em 18/11/2024 às 17:00

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